quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

METADE !!!



Metade Que a força do medo que eu tenho,...

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
...
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também

Ferreira Gullar

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O NATAL... !!


Ó Zeii vai-te deitar amanhã quando te levantares vens abrir as prendas do menino JESUS .... lá deixava eu os sapatos à chaminé ...... e ficava todo contente por ser NATAL ... dos pobres !!!
Quem passe por aqui desejo-lhe um BOM NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO !!!

domingo, 12 de dezembro de 2010

TRILHOS !!!!!


São infinitos os caminhos do mundo!
Por vezes:

- Encontram-se;
- Cruzam-se;
- Tocam-se;
- Fundem-se;
- Unem-se;

E, nestes caminhos cruzados,
Existem:

- Histórias imortais;
- Momentos eternos;
- Factos inesquecíveis;
- Vidas que não se apagam;
- Imagens permanentes;
- Pequenos “nadas” tão importantes;
Há pessoas que:

- Te cativam;
- Se completam;
- Se entregam;
- Se partilham;
- Se querem bem…

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"INDO PARA CASA......EU, QUAL !!!????






CAMINHOS***

Percorri tantos caminhos...
Derrapei – Acelerei...
Viajei – Ultrapassei...
Encarei tantos desafios...

Em cada nova trilha uma surpresa...
A cada busca um recomeço...
E nos desafios escondidos no tempo...
No verso nas trevas sem fim...
Eu fazia minha pausa...
E aos anjos minha prece...

Sem perceber tantos conflitos...
Que me procuravam...
E a mim se apresentavam sem eu pedir...

Na contemplação do universo...
Da roda da vida eu cai...
Refletindo minha alma...
Nos atropelos do dia-a-dia...
Eu crescia...

Fiz-me senhora de desejos...
E no amor um único olhar...
Agora deixo tudo fluir...
Neste maravilhoso mistério...
Que é sobreviver...
E em versos escrevo...
Minha poesia ainda juvenil...
Vania Staggemeier

domingo, 5 de dezembro de 2010

A MATANÇA DO BACORINHO PRETO !!!!!



Velha como o passado, esta tradição alentejana de matar o bacorinho preto. Matança que assegurava a mantença pela primavera, verão e outono. No inverno seguinte outro sacrifício haveria. Só mesmo as famílias mais deserdadas o não faziam e, infelizmente, não eram poucas. Os outros, era conforme as posses, ia desde as quatro arrobinhas do remediado às muitas arrobas dos vários bichos sacrificados na casa do lavrador.
Cumpria-se assim, anualmente, o ritual da matança em igualdade de rotina e entusiasmo a par de todas as outras tradições, - o alavão dos queijos, as filhoses do carnaval, o borrego da Páscoa, a quinta-feira da espiga, a adiafa das colheitas e a prova do vinho novo -.
Após apalavrar o negócio do bicho e aprazar o dia do sacrifício, convidava-se uma roda de familiares e amigos com fama de entendedores no assunto. Amolavam-se as facas tendo especial atenção na sangradeira, acarretavam-se os tojos, dava-se uma vista de olhos pelo estado da banca e do chambaril. Areava-se o tacho de cobre que, no resto do ano, fazia vista na estanheira. Tinha-se em especial atenção o aprovisionamento do sal, bem como a limpeza do lugar onde ele iria ter a função de conservante, a salgadeira.
E lá chegava o ansiado dia, geralmente um domingo. A alvorada era cedo, até para os gaiatos que de qualquer maneira quase não tinham pregado olho, tal era a excitação. A mesa do mata-bicho era posta ainda com o lusco-fusco, e não lhe faltava a aguardente e as passas de figo. O resto do aparato, da banca às facas, dos alguidares aos tachos, estava tudo impecavelmente arrumado como se de uma sala de cirurgia se tratasse.
A divisão de tarefas, fazia parte de um acordo estruturado há muitas vidas. Cabia aos homens o sacrifício, o musgar e o lavar, o desmanchar do animal e o separar das peças grandes. As mulheres, tinham de cor a sua labuta, aparar o sangue, lavar e preparar as tripas, fazer os torresmos e a banha mais a tarefa incontornável de tratar das comedias para o afago dos estômagos. Migar a carne do alguidar, temperar e posteriormente fazer os enchidos eram geralmente tarefas também suas, segundo a boa mão e o reconhecido saber fazer.

O ponto alto, era pelo meio da manhã no tirar da bucha. Molejas, febras e outras peças entremeadas, eram assadas no lume que aquecia o tacho para o fabrico da banha. A mastigação destas premissas, era saboreada com o acompanhamento de copos de cinco, de tinto ou branco conforme o gosto. Ao almoço, entre outros comeres, amesendava-se uma belíssima rexina, prato tradicional comum a todo o Alentejo, divergindo apenas de lugar para lugar o seu chamamento, - no alto, rexina, no baixo, serrabulho ou moleja.