sexta-feira, 29 de abril de 2011

RUMOS DE VIDA ...... !


A chuva tocava-lhe no rosto, ele não se importava, até gostava da sensação. A água fina a cair-lhe na face e escorrer pelo resto do corpo, já encharcado. As roupas que trazia vestidas não eram propriamente impermeáveis e estavam agora ensopadas e pesadas devido à água.

Adorava aquelas ruas,largas , com passeios e com o chão de paralelos já lisos. Delimitada pelas casas antigas de cada lado da rua, um caminho percorrido por inúmeras pessoas a pé, depois carroças e agora carros. Uma calçada intemporal que guardava memórias de tempos idos.

Andou um pouco mais, chegou a um pequeno largo com um chafariz, e sentou-se num banco de madeira, o banco aparentava ter algumas dezenas de anos, não tantas quanto o chão onde este estava. Tentou não pensar na chuva que não cessava o fogo sobre a sua cabeça.

Libertou a mente de tudo o que era banal, apenas ecoavam os versos de uma música antiga, que tal como o banco vivia já há muito tempo, e como a calçada, havia de viver muitos mais.

Tentou pensar no sentido da sua vida e no rumo que queria levar. Tomou uma decisão, levantou-se e partiu.

Nunca mais seria o mesmo.......
(MP)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

INQUIETAÇÕES !!!


Lembro bem da inquetação seguida da porta que se abria no começo do segundo período e só acabava pouco antes do último. Olhos que se viravam pro canto, procurando o fundo, o canto da sala. A supresa das palavras inesperadas, lembro dela também. Lembro de uma certa falta de ar, de uns suspiros compridos, dos olhos fechados que esperavam a atitude que, naquele momento, eu não podia tomar. Lembro de não saber o que fazer quando o vento quente de Janeiro ficou frio, frio a ponto de me fazer tremer. Eu lembro disso e de tudo que veio depois. Lembro do cabelo brilhando no ar do verão. Lembro das mãos sempre quentes no inverno. Até do castanho congelado dos olhos que me diziam coisas nas quais não acreditava, ou pelo menos não queria acreditar, eu lembro. Lembro como se fosse ontem. Lembro de quando a última coisa que queria era lembrar e as benditas lembranças estavam em todo o lugar: na rua que atravessava, na porta da sala, na piada batida, no frio do pés, na chuva fina, nos livros que não li. Lembro de quando lembrar tinha sempre aquela tristeza doída que mora em toda a história sem fim.

Lembranças podem até ser parecidas, mas nunca é igual a maneira com que elas foram sentidas. Por isso que eu não esqueço.

Enviado pelo meu amigo Manuel,vá se lá saber porquê ..... !?'

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"PONTES" PARA ABRIL


Moral e Bons Costumes – o biquini
Num país com um regime político que obrigava as professoras primárias a pedir autorização ao governo para casar, não é de espantar que, em Portugal, nos tempos da ditadura que terminou com a Revolução de 25 de Abril, a indumentária das pessoas fosse regulamentada, não sendo permitidos certos modelos considerados “ousados”. Tudo em nome da moral e dos bons costumes. Ou, como justificava um Decreto-Lei de 1941, relativo aos modelos de fato de banho, para “salvaguarda daquele mínimo de condições de decência que as concepções morais e mesmo estéticas dos povos civilizados ainda, felizmente, não dispensam”.
Afixadas em editais pelas capitanias, as regras para os modelos de fato de banho permitidos eram as seguintes:
Para senhora, “fato inteiro com saia por cima, com decote sem descobrir os seios, com costas decotadas sem prejuízo do corte das cavas ser cingido nas axilas”.
Para homem, “camisola e calção com corte inteiro, justo à perna e reforço interno da parte da frente, e justo à cintura cobrindo o ventre”.
As regras que impunham “decência” no vestuário continuaram legalmente em vigor por muitos anos. Mas, com o correr dos tempos, na prática foram cada vez mais sendo postas em causa e não aplicadas. Para isso muito contribuiu o turismo que, na década de sessenta, começou a procurar o nosso país como local de veraneio. Especialmente o Algarve onde, todos os anos e cada vez mais, apareciam ingleses, franceses, holandeses e alguns alemães... com indumentárias muito ousadas para os nossos padrões e costumes.
Era a época da mini-saia e do biquini para as raparigas, das longas e despenteadas cabeleiras para os rapazes. E se muito boa gente, neste nosso isolado Portugal, se escandalizava com a “pouca-vergonha” das vestimentas dos estrangeiros, muitos, especialmente a juventude, adoptavam alegremente as novas modas, com grande escândalo das almas conservadoras.


Licença de Isqueiro
Sabiam que, no Portugal Salazarista (especificamente entre 1937 e 1970), para ter um isqueiro era preciso ter licença de uso?
Pois era! E, pelo menos em Lisboa, actuavam diversos “caçadores de multas” a tentar apanhar todos aqueles que acendiam o isqueirozito e não eram portadores da respectiva licença.
O decreto que regulamentava tal medida era o Decreto-lei n.º 28 219 de Novembro de 1937. Foi abolido em Maio de 1970.
Quanto ao regime político que criou leis tão extraordinárias como a licença de isqueiro, foi abolido a 25 de Abril de 1974.


Moral e Bons Costumes – A “postura”
Portugal, nos tempos da ditadura, a que a Revolução de Abril pôs termo, não era só um país pobre e repressivo. Era também um país fechado, triste, bafiento, com uma moral castradora, que algumas leis e regulamentos, de um ridículo atroz, procuravam enquadrar.
Famosa ficou a postura da Câmara Municipal de Lisboa, em vigor desde 1953. Dirigida aos polícias e aos guardas-florestais, especificava os crimes e multas em que incorriam todas aquelas pessoas que procuravam “frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes.”
A seguir, especificava os actos e respectivas multas a aplicar pelos polícias e guardas-florestais:

1º - Mão na mão (2$50);
2º - Mão naquilo (15$00);
3º - Aquilo na mão (30$00);
4º - Aquilo naquilo (50$00);
5º - Aquilo atrás daquilo (100$00);
§ único - Com a língua naquilo (150$00 de multa, preso e fotografado).

( texto enviado por Email)

sábado, 23 de abril de 2011

DIVAGARES... ..LENTAMENTE !!!



Não me basta o telemóvel..
senão também o meu´computa,
ando engasgado e imóvel
Falo e ninguém me escuta !

Já que ninguém me escuta ,
Aqui "desembucho" as minhas dores
Ainda sou um recruta ,
Nesta "coisa" dos amores ....

Eu sou uma letra morta,
Da vida ,fui um volátil
Corro, bato ás "portas"
Mas elas nunca se abrem .

Que maldito feitio o meu
Dedicar-me a um só ser
Faria melhor ser "bandalho"
Do que sonhar em crer ...

Firme,para sentido,
Para a direita, volver
Ás vezes prefiro não ter querido,
Está minha razão de ser

Da vida fiz ,teatro
Comédias acção e dramas,
Já representei dois dos três actos
Deste actor ainda com "chama" !
(MP)

O MEU EU ....PALHAÇO !


O MEU EU .... PALHAÇO !!!!

Meu coração nu confunde-se todos os dias, é como se fosse um teste que um palhaço faz pra entrar no circo e fazer parte do espectáculo, passo um tempo sem amar, sem ser amado, sem realizar um espectáculo, e chega um momento que varias chançes aparecem de uma vez só, como se uma uma dessa oportunidades seja a certa, mas tenho de escolher só uma entre varias, sempre fiz as escolhas erradas e sempre fico esse tempo longo de experiência para tentar aprender e não errar na proxima chançe.

As oportunidades chegaram, dessa vez tenho de escolher entre duas sem contar as que não me interessam, pois não adianta o "circo" ser bom, nos temos que gostar de actuar nele, mais creio agora que essas duas são as certas, porem cada uma tem um futuro diferente, creio saber mais ou menos a futuro de cada uma....(pelo menos o inicio desse futuro). Uma tem o futuro fraco onde não posso expor meus sentimentos para ninguem da "plateia", ou então escolher o outra, que ja me deu carinho e demonstrou , mas que no momento pode não me dar exactamente o que eu quero por conta de uma outra pessoa, o malabarista que passa de mão-em-mão com o seu consentimento , mesmo ela sendo contra.......
(MP)

sábado, 9 de abril de 2011

QUEM ÉS TU, AFINAL ?


"O dia começa!

Abro os olhos e vejo-te, numa imagem que nunca vi. Sinto o teu toque, por dedos que não conheço; saboreio o teu beijo e os teus lábios invisíveis; sinto o teu cheiro, diáfano como tudo o resto; e há o teu olhar, que se esfuma naquele dia de sol e naquele segundo em que o tempo parou em .....

Tenho toda a certeza do que senti nesse segundo!...

Quem és tu, afinal? E o que fazes dentro do meu dia? E que força é essa que me invade e põe todas as minhas emoções ao rubro?

E o que é realmente nosso? Uma flor? Uma flor que inebria, vicia e condena! Uma flor com pétalas delicadas e frágeis que voam ao menor sopro do vento [...]

Existes mesmo, afinal? Ou és Apenas a memória do que eu nunca vivi?"
(MP)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

QUE SE LIXE !!!




Hoje estou-me nas tintas para tudo o que me põem à frente como sendo a realidade. Borrifo-me, estou-me lixando. A economia está mal, estamos na cauda da Europa numa data de coisas, quero lá saber… O desemprego aumenta (que não, diz o governo, recorrendo a estranhos malabarismos matemáticos), e eu com isso?? Morremos aos magotes na estrada de cada vez que há um diabo de um fim-de-semana prolongado, e depois? Ora aí está uma estatística em que estamos á frente. Alguma havia de ser… A corrupção alastra e parece que os tribunais têm tendência a fazer vista grossa, e que é que querem que eu faça? Já estou quase numa de dizer que o que é bom é ser corrupto e não ser apanhado. Afinal, não dá despesa ao Estado com a investigação para depois ser absolvido. A saúde, a educação, enfim aquelas coisinhas básicas para as quais descontamos balúrdios dos nossos ordenados, são regidas por critérios puramente economicistas, quaisquer escolas ou hospitais são fechados sem ter em conta o facto de serem os únicos num raio de n quilómetros (muitos)... e querem que eu chore? Pode ser que os transportes façam mais negócio a levar as criancinhas e os doentes. Entretanto, pode ser que muitos fiquem analfabetos e outros morram. E...? Afinal, o importante é que não sejam info-excluídos. Isso é que nunca. Que não haja uma única pessoa neste país que não saiba mexer num computador, consultar a Internet, enfim todas essas actividades que lhe facilitarão imenso a vida, sobretudo se viver num estado de pobreza escondida, se tiver uma pensão miserável, se estiver desempregado, se, se…. Por falar em reforma, estou a ver que, quando me reformar, vou ter para aí metade da pensão que esperava, mas que seja tudo por uma boa causa… Isto se me deixarem reformar e não decidirem que temos que trabalhar até morrer. Afinal porque não? Já viram, hoje estou-me mesmo nas tintas. Afinal, vêm aí meses exaltantes, vamos lá todos abanar o capacete para o Rock in Rio (que agora podia ser Rock in Rio Tejo, raios!) e alguém tem dúvidas de que a selecção vai fazer um Europeu extraaaaaordinário? Menos ais, menos ais… para todos termos orgulho e andarmos para aí aos pulos a empunhar a bandeira nacional (eu também, claro, ia lá perder a festa…). Ai, que bom que é estar-me lixando para isto tudo!

MP

segunda-feira, 4 de abril de 2011

PALAVRAS LEVA-AS O VENTO ..... SERÁ !??


Falámos de palavras. Falamos com palavras. E sentimos a força das palavras. Palavras, leva-as o vento, diz o povo. Será? Pensemos um pouco nas palavras que lemos ou nos disseram e nunca esquecemos. Aquelas que nos atravessam a mente de quando em quando, provocando uma crispação de dor ou um sorriso.
As vozes dos meus pais e algumas palavras que nunca esqueci. Os livros da escola e tantas palavras que decorei de tal forma que ainda hoje as sei : “Batem leve, levemente…”. As primeiras palavras de amor. Todas as palavras de amor ou paixão que significaram algo. Algumas de desamor que particularmente me feriram. As primeiras palavras dos meus filhos . As palavras dos livros mais lidos, dos poemas mais amados. Das canções que me marcaram. De…
Tantas palavras que a nossa mente retém e que voltam à memória sem sabermos porquê! Será que o vento as levou? Não. Ficaram connosco, indelevelmente marcadas em nós. E provocam emoções diversas. Essa é a força das palavras. De uma forma ou de outra, estimular o nosso pensamento, os nossos sentimentos. E provocar uma qualquer reacção.
E, porque hoje me deu para escrever novamente sobre as palavras, talvez seja altura de deixar falar o silêncio e pensar um pouco em tudo isto que escrevi ...........
(MP)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ALEGRIA E LIBERDADE !!




O meu primeiro dia de liberdade....
Havia poucos minutos que tinha recolhido à caserna, assisti ao vivo,ás senhas emitidas pelo MFA , nós "maçaricos" não nos apercebemos do que se estava a passar, sentia-se que algo estava acontecer ,surge um silencio inexplicável,apareceu o "oficial de dia" muito nervoso e pediu-nos para que nos mantivesse-mos serenos que seria alguma coisa com gravidade e não sei mais nada, disse ele.
Claro que já não havia serenidade para ninguém a procura dos rádios a pilhas foi desesperante para ouvirmos que se podia .

A 1ª senha, para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas, foi dada por João Paulo Dinis aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa:
«Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, E Depois do Adeus ...».


Nervos de ansiedade, sentir a nossa impotência perante aquilo que desconhecíamos ."presos" à disciplina militar estava-mos quase a "estoirar " queremos informações,que pedíamos insistentemente aos graduados de serviço. Parece que está a haver uma revolução,foi a resposta , mantenham-se calmos ... !!

A 2ª senha, para continuação do golpe foi dada pela canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso, gravada por Leite de Vasconcelos e posta no ar por Manuel Tomás, no programa Limite da Rádio Renascença, à meia-noite e vinte, sendo antecedida pela leitura da sua primeira quadra.
Grândola, Vila Morena foi composta como homenagem à "Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense", onde no dia 17 de Maio de 1964, «Zeca» Afonso actuou.

A madrugada libertadora do 25 de Abril, longe de imaginar o que estava prestes a acontecer e depois de tanta ansiedade veio o sossego dos "ignorantes " que já especulávamos se seria bom para os milicianos...

Acordamos se é que dormimos horas depois,formamos na parada e foi nos contados muito sinteticamente o que ainda estava a acontecer,passem o tempo como quiserem .
O dia foi passado com os ouvidos colados aos rádios.
O meu primeiro dia de liberdade foi passado no quartel ou seja todo o dia 25 de Abril de 1974 .
Esta comunicação, pelo menos eu não ouvi:

comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 04:20h

Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.

Apenas dia 26 saí do Quartel,era uma sexta-feira .. fim de semana diferente para os militares , posto isto vim para Lisboa , de mala na mão e ao passar pelo Rossio fui interpelado pelo meus camaradas que me mandar parar e disseram . este é dos nossos ! que orgulho !!
O que se segue foi-me contado em pleno coração de Lisboa :

Foi um dia de emoção total, de loucura completa. Observar as movimentações militares, sentir-me irmanado com um mar de gente que enchia as ruas e largos de Lisboa onde se desenrolavam as principais operações, falar com este e com aquele, partilhar informações sobre o que estava a acontecer... Recordo-me que as pessoas falavam todas umas com as outras mesmo sem se conhecerem. Nunca vou esquecer a alegria esfuziante das populações que adivinhavam naqueles acontecimentos a vitória da Liberdade com que muitos sonhavam, em segredo, há longas décadas.
Alegria e Liberdade são as duas palavras que, para mim, melhor definem o sentimento e espírito daquele dia 25 de Abril, há trinta e sete anos.
Não sei a que horas regressei a casa. Tardias, tenho a certeza.
Mas que interessa as horas?
Era o meu primeiro dia de liberdade....