domingo, 27 de fevereiro de 2011

PARA TI PAI.... PARA TI MÃE !!



Para ti Pai,
Faz anos que partiste... Estás noutro local, um local para onde foste, um local de sossego, de paz, não é ?... Tenho saudades tuas, pai !... Lembras-te do dia em que me disseste até breve ?... Lembras-te dos dias em que sempre estiveste a meu lado, lembras-te de tudo de bom que se passou antes de ires, lembras-te de tudo de mau que se passou antes de ires ?... Recordas o dia em que eu nasci, recordas o dia em que passaste ao estatuto de pai ?... Sei perfeitamente que te recordas e que só por isso te valeu a pena viver; sei que viveste em função dos teus, daqueles que faziam parte da tua própria vida, daqueles que eram a razão da tua existência!... Sei muito bem o quanto sofreste por mim e por todos os teus; sei perfeitamente o quanto lutaste para que nada me faltasse, para que tudo estivesse sempre bem... Lembras-te do dia em que te faltou algo para que eu não sentisse essa falta ?... Lembras-te do dia em que não comeste para que eu tivesse comida ?... Lembras-te do dia em que poupaste nos cigarritos para que eu tivesse dinheiro para o meu tabaco ?... Lembras-te do dia em que tiveste de pedir a um amigo para teres dinheiro para mim ?... Lembras-te do dia, de todos os dias da tua vida em que passaste mal para que em todos os dias da minha vida eu passasse bem ?... Lembras-te ?... Sei que te lembras e sei que sabes que tenho saudades tuas... um beijo para ti, pai!..."


Para ti Mãe,

Como eu gostava de ter uma varinha de condão para me transformar de novo em criança...
Voltar à altura em que não havia preocupações, o tempo era inesgotável e a distância não existia.
Sempre que me deitava no teu regaço, o mundo parecia parar e nada nem ninguém me podia fazer mal.

Infelizmente, tal varinha não existe e eu cresci... Cresci tanto que até já sei o que é o esternocleidomastoideu!
Concretizei o sonho que juntos sonhámos! E a minha maior alegria foi poder dar-te essa alegria!

Sabes Mãe, neste corpo de adulto ainda mora a mesma criança de antigamente, mas essa criança, de repente, de um dia para o outro, viu-se com responsabilidades, longe de casa e obrigada a dividir o seu tempo e a sua atenção pelas outras pessoas e afazeres que também passaram a fazer parte da sua vida.

E tudo isto é difícil... É tão difícil, Mãe!
Ainda mais quando sinto que te estou a magoar... A pessoa que mais amo... Aquela que fez de mim quem eu sou e a quem devo tudo!

Acusaste-me de ter mudado... De estar diferente... Mas eu não mudei... O que mudou foi a nossa vida...

Eu não mudei... Continuo a ver-te como a minha confidente, a minha conselheira, o meu refúgio e o meu suporte para a vida... E sei que também me vês assim.

Eu não mudei, minha Mãe... Ainda sou o teu menino e sempre o serei...

Venha quem vier, aconteça o que acontecer.

Amo-te muito!
J.O S É
(Clube Línguas vivas)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

VOZ SEM TEMPO !!



(FABULOUS FOUR)

"Saber que os amigos não necessitam de tempo,
saber que são os mesmos
e todavia distantes
a aqueles que o foram
quando os anos nossos
nos brindaram sua essência
do "companheiro eterno".

Porém voltam, persistem
e são tempo e castigo:
a idade não diferencia
a visão do amigo.
Minha idade, tua idade, a sua
não são marcas brutais
que separam os meus

O tempo
-novamente me enfrento com o tempo-
é uma forma doce
da constante lembrança.

Saber que os amigos
são de minha voz o tempo.
Saber que eles comigo
Ajudam-me ao eterno.

E então, cada dia
se volta ao princípio
de saber que um amigo
é uma voz sem tempo."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

EU DESAPAREÇO ......... !!


Por vezes tenho uma necessidade imensa de desaparecer ...

As pessoas que amo.. os meus amigos de sempre ..

... que penso que sabem bem quem são...

Nem sempre me entendem ..

É como hibernação ..

Sempre que há um problema .. algo demasiado .. que não sei resolver ...

Sempre que algo me magoa mais do que sei dizer ...

Eu desapareço ..



Faz parte da minha necessidade de me reinventar .. de renascer ..

De conseguir aceitar uma nova realidade.. uma nova contrariedade ..

De ganhar forças ...

Para conseguir viver sob novas regras .. novas formas..



Mas nem sempre me entendem.. nem sempre me perdoam este meu desaparecer ..

E dou por mim a acordar .. e a sentir a falta daqueles que amo ..

Porque é de amor que se trata ... de saudade..



Sei que ninguém deveria ter que esperar pelo outro ..

Mas cada um tem o seu ritmo ..

E cada um necessita muitas vezes de parar .. acordar .. e mudar ...

... de se esconder .. de sofre um pouco em silêncio ...



Uma certeza porém, é que mesmo que nunca vos fale, jamais vos esqueço ...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

É NELE QUE TU EXISTES ........... !!


Sentado no carro olho as luzes da cidade espalhadas pelas gotas de água que escorrem nos vidros.
Ligo o aquecimento, procuro uma estação de rádio. Música melancólica. Oceano Pacífico. Apropriado.
A noite vai ser longa e o dia foi cansativo.
"As noites longas do Oceano Pacífico".Dizem.
A música, o ruído de fundo da chuva e o cansaço levam-me para um espaço entre o sonho e a realidade.
Nele quero estar.
É nele que tu existes. Entre o sonho e a realidade.
Desde sempre foi aí que te encontrei.

Sabemos que o tempo é curto. Apenas existe naqueles minutos entre a realidade e o sonho.
Não sei se estás como eu, no mesmo espaço.
Mas nele não nos (re)conhecemos.
E ansiamos esse pequeno espaço de tempo em que, de facto, estamos vivos.
O tempo começa a esgotar-se. Luto contra o sono, luto contra o despertar.
O barulho de pancadas fortes e um coro de buzinas sobressaltam-me:
Acorde, gritam-me de fora do carro, o sinal está verde, porra !
Você está a empatar o trânsito!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

REVOADA DE SENTIMENTOS...... !!!


Voltámos finalmente
já quebradas
nossas débeis asa desoladas,
após a inclemente,
a inglória ascensão pelos espaços,
em demanda ardente ,
da perfeição espiritual,
como quem ergue os seus braços
na sede, que o devora , de Ideal

E nesta torturante
revoada
que trazemos de novo? Que sonhada
beleza triunfante ?
Foi inútil o voo pelas alturas...
Anda tão alta e distante
a nobreza da poesia
de linha sóbria a puras,
que não vimos a estrela fugidia.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ERA UMA VEZ...... !!!


(Monica Bellucci)


Era uma vez... Gosto imenso desta expressão. Não porque ela me leve ao
passado vivido e que não volta, ou me faça pairar nos braços da fantasia e do
sonho, mas porque tem o seu quê de misterioso a extasiar a atenção infantil que há em todos nós. Ficamos atentos e ansiosos por conhecer todo o
desenvolvimento e o final da história que desenvolve, ou dá largas à nossa
imaginação.
Pois então, era uma vez... um homem que, um dia, imaginou encontrar os
mais belos olhos do mundo. Bem poderia empregar o se tempo em coisas
menos custosas e que não fariam levantar quaisquer suspeitas a ninguém, mas
propôs-se a si próprio esta tarefa de pesquisa. Fê-lo por todos os cantos e
esquinas, em muitos dias, meses e anos seguidos, sempre com a esperança
bem funda de, num lugar qualquer, numa ocasião fortuita, encontrar e
contemplar, com todo o encantamento possível, os mais belos olhos do mundo......
Era uma vez... um homem (tu? eu?) que procurou, entendeu a vida e as suas coisas, mudou a maneira de ser e encontrou um rumo mais certo,
porque, na pureza do seu coração, redescobriu, mesmo já cansado, os mais
belos olhos do mundo... Os seus, os nossos !!
(texto adaptado por mim )

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"HOMEM BOM"



Algumas perguntas a um “homem bom”

Bom, mas para quê?
Sim, não és venal, mas o raio
Que sobre a casa cai também
Não é venal.
Nunca renegas o que disseste.
Mas que disseste?
És de boa fé, dás a tua opinião.
Que opinião?

Tens coragem.
Contra quem?
És cheio de sabedoria.
Para quem?
Não olhas aos teus interesses.
Aos de quem olhas?
És um bom amigo.
Sê-lo-ás do bom povo?

Escuta pois: nós sabemos
Que és nosso inimigo.
Por isso vamos
Encostar-te ao paredão.
Mas em consideração
Dos teus méritos e das tuas boas qualidades
Escolhemos um bom paredão e vamos fuzilar-te com
Boas balas atiradas por bons fuzis e enterrar-te com
Uma boa pá debaixo da terra boa.

(Bertolt Brecht)