quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A PARTIDA DE UM PROVÍNCIANO



Quando vais Zéi ,quando partes e para onde !??
Pergunta que todos os vizinhos e amigos me fizeram ,antes de eu partir para Angola,foi um tempo de despedidas e de recomeços de sacrifício e de esperança.
Augusto mobilizaram-me para Angola eu não desejava ir , será que o meu Batalhão ainda parte, era o tempo em que se reivindicava , nem mais um soldado para as províncias ultramarinas.....
Zé vais conhecer outras paragens , quando chegares me dirás que valeu apenas ...grande motivação O Augusto tinha destas coisas , fiquei mais tranquilo ...ía à aventura o que tinha eu a perder ....que não tivesse perdido havia bem pouco tempo .
Todo pessoal fez-me prometer quando partisse se apresenta-se para as despedidas .... mesmo na contrariedade de vizinhança da cuscuvelhice de dizer bem o mal deste ou daquele vizinho ... era hora da verdade , verdade que era de apoio e de amizade .
Percorri toda a minha rua ..trazia na mão a esperança e no coração a gratidão daqueles que me viram nascer ,daqueles que se por acaso me portasse mal me dariam uma bofetada. dos mesmos que me davam guloseimas e tinham a pretensão de me dar bons conselhos !! Eles os vizinhos os amigos !!
Chegou-se a hora saco cheio e de magala vestido , pronto para enfrentar uma torrente de emoções desconhecidas ..e pimba dobrei o cabo Bojador e como Alentejano tinha que ir mais longe ..porque era já ali......
Deixei para trás algumas preocupações .. deixei-o só ,demasiadamente só !! e com a casa vazia ... de presença .
Aterrei ... nessa terra vermelha .
Percorri caminhos para chegar , o tempo foi o balsamo e o lugar o fascínio ..
Não é que os chouriços e morcelas de Sousel satisfizeram toda minha ansiedade ....
Levei para longe solidariedade de todos.. e trouxe a satisfação de um só !!!
(Foto superior BOTO)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

A MINHA RUA


Minha Rua
de Virgílio Moojen de Oliveira

Minha rua era tão minha
em sua simplicidade…

Não sei de onde é que ela vinha,
mas ia para a cidade.

Com suas pedras redondas
e duas magras calçadas,
não tinha praia nem ondas,
mas como tinha enxurradas!

Era alegre, era risonha,
tinha orquestra de pardais,
e a cantilena enfadonha
de mil pregões matinais.

Ali cresci, me fiz homem,
e a minha rua, coitada…
qual as mães que se consomem,
foi tudo, sem querer nada.

Foi pista dos meus brinquedos,
de jogos de correrias…
Foi dona dos meus segredos
viu tristezas, alegrias…

Viu meus passos imprecisos,
viu-me garoto, um traquinas,
e viu-me trocar sorrisos
nas rondas pelas esquinas.

Viu-me também, certo dia,
sair da lá, nem sei quando…

Por fora sei que sorria,
por dentro estava chorando…

guardei, porém, na lembrança
aquele encanto que tinha
a rua em que fui criança,
a rua que foi tão minha…

(foto Constantina Santos )

O PRIMEIRO BEIJO !!


Primeiro Beijo



Ele chegou de mansinho,

Fitando-a com carinho,

Sorriso doce no olhar...

Era o prenúncio, o sinal,

De quem queria, afinal,

Seu desejo revelar...



Primeiro, timidamente,

Depois, ansiosamente,

Apertou-a junto a si,

Procurou, ávido, sua boca,

Deixando-a inerte, louca,

Lábios quentes, de rubi...



Ondas fortes, poderosas,

Aromas de flor, de rosas,

Um instante divinal...

Momentos bons de magia,

Gosto puro de ambrosia,

Arrebatando o casal...



Ah!... meu sonho de juventude!...

Feliz foi minha atitude

De me entregar a esse amor,

Sem restrição e sem pejo,

A partir daquele beijo,

Que não esqueço o sabor!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

LAR,DOCE LAR !!


Lar, doce lar! A verdade é que era um alívio chegar a casa, mal passado aquele dia de trabalho, mal passada aquela viagem de regresso . E tudo para percorrer uns míseros quilómetros. Mas já estava habituado . De caminho para casa ainda deitou umas cartas no correio de que faziam parte das contas que o iriam ajudar a descer o já magro saldo bancário. Enfim, finalmente, lar, doce lar, e aquele sofá mole da sala para descansar o espírito e o físico desta vida moderna sem modernice nem qualidade nenhuma. Para descansar o espírito e o corpo da rotina para o trabalho e do trabalho para casa, do ordenado pequeno e da falta de dinheiro, do jantar que ainda era preciso comprar e fazer, das responsabilidade de criar os filhos , dos filhos que não tardariam a chegar, da atenção que lhe não dava e queria dar, desta insatisfação doentia que se fingia esquecer, desta vontade tresloucada de bater, de chorar, gemer. Desta vontade de estar ali, como ele estava, sozinho, no sofá mole da sala sem nada lembrar.

Oh pai, estás doente? Não, filho, estou só cansado. Vai fazer os trabalho de casa que eu vou ali ao supermercado e já venho.

Agora era preciso preparar o jantar. Ele, não, ou fazia uma coisa de cada vez ou saía asneira. Ainda por cima - que raio! - conseguir ver o telejornal era utópico. Nessa precisa altura estaria ele a tentar sobreviver às dificuldades do costume, a improvisar aqui e acolá. É que a comida, nas mãos dele, tinha aquela tendência para o desequilíbrio, ora ficava desfeita ora mal cozida, umas vezes quase sem sal outras apaladada de mais. Salvavam-se os clientes que não eram muito esquisitos e, se o fossem, lá no bairro havia uma tasca onde serviam comida. Que diabo, um homem não pode ter jeito para tudo!...

Claro que estava doente! Não era para estar? Doença sem sintomas externos palpáveis, ilegível em todas as análises e radiografias. Mas que o minava, disso não tinha dúvidas. Que lhe sorvia as forças, as energias, qual gigantesca e tenaz sanguessuga. Também, quem não andava doente na correria desta sociedade vibrante de novas e espantosas tecnologias pagas em prestações quotidianas de agonia e cansaço? O povo estava doente. Sim, o povo, pois uma minoria vivia com aquela qualidade de vida que ele, invejava. Com conforto, riqueza e até excessos. Mas esses não eram o espelho da humanidade. É verdade que havia pior, gente ao pé de quem ele até era um felizardo. Que nos quatro cantos do mundo morriam homens, mulheres e crianças entre guerras, fomes, epidemias e brutalidades. Que a eterna televisão ligada mostrava essas realidades nos intervalos das ficções. Mas a gente toma lá sentido, na distracção entre o prato e a sobremesa, se aquilo é jornal, é realidade, ou ainda uma parte do filme de acção e aventuras. A verdade é que o resto do mundo fica a anos-luz de todas as cozinhas aconchegadas, quentes de vapor e cheiro de comida, em que à noite, cansados, o pai, a mãe e os filhos comem bifes com batatas fritas e remoem as suas dores e os seus fastios, tão pessoais e tão grandes que mal lhes cabem no coração e na alma.

domingo, 2 de janeiro de 2011

ANDO POR AÍ.... NÃO SEI SE VOLTO .... !!


Ando por aí......e não sei se volto.....

Aproveitei para fazer uma análise profunda às minhas mais ocultas entranhas. Confesso que estão tão ocultas que apenas as vislumbrei numa névoa longínqua.
Depois de muito pensar, repensar e tornar a pensar não se fez luz, porque quando acabei de pensar era de noite.
Sem raciocínios elaborados, pois se o fizesse podia sobrecarregar a memória do PC e estoirar com a máquina, cheguei a algumas conclusões inconcludentes.

Aqui vão alguns pensamentos aleatórios:

- Sei quem sou (embora às vezes ande por aí perdido), sei o quero ( embora não o consiga obter) e sei para onde vou (embora não queira lá chegar).
- Quando o caminho se iluminava para eu o prosseguir, as dúvidas levantaram-se, e aqui, encontrei a resposta a algumas questões.
- Na sala de espera do conhecimento ainda há dúvidas, mas menos do que outrora.

- Descobri que mesmo não escrevendo nada de nada .... ainda há que leia ou não !
Dei comigo pensar se é que penso ...nas lamechas que para aqui escrevi ou não,antes pelo contrário ... estou a ficar sem motivações ......
Obrigado a quem de direito !