segunda-feira, 28 de março de 2011

O SUPOSTO CAUTELEIRO !!


Foram algumas semanas das férias de verão de uma ano qualquer... desatei a pensar o que poderia a fazer .... ou o que meu pai me alertava , rompia-me a cabeça para que eu não entrasse numa rotina de assim como ele dizia de " malandrão! deitar ás tantas a dormir até ás tantas.... era o mais mexia com o sistema nervoso dele .
Isto ter o estatuto de estudante não importava nada ... o que ele queria é que eu me mexesse , sabendo de antemão que o cigarritos já faziam parte do meu dia a dia ... vaidade , mas era assim naquela época .
Como o menino era " fraquito" de figura e muito "biqueiro" na comida que era para a minha mãe uma dor de cabeça .... a não ser o banal (agora) bife com batatas fritas é que a coisa corria bem ou então as favas com carne de porco .
Ora bem.. surge então um suposto cauteleiro, um bilhete naquela tempo era dividido por vigésimo e mesmo assim era caro para a maioria das pessoas a solução era dividir por entradas de 5$oo escudo que dava a módica quantia de 25.000$00 se não estou enganado !
Lá percorria eu as ruas da vila ... mas não tinha pergão.... não dizia é a "grande " ia a quem sabia que jogava era mais fácil... e assim vendia as " entradas".
Isto de manhã, á tarde era "aviar copos na taberna do "PARRULA " como era conhecida .
Para que rotina não se instalasse ... o lanche diário era da "trupe " de amigos a ementa era feita semanalmente e o preço 2$5o a cada um .
Era esta a geração que esperava a sua sorte .......com os tais 36 meses de tropa e só depois se de lá viesse poderia enveredar por uma carreira profissional a dar continuidade á raça humana !
(MP)

quarta-feira, 16 de março de 2011

PASSEIO AO CAMPO



Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no campo e eu aceitei
com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio
perguntou-me:
- Além do cantar dos pássaros, tu está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia ...
Perguntei ao meu pai:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia,
por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que
faz.
Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais,
inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de
ouvir a voz do meu pai dizendo: Quanto mais vazia a carroça, mais barulho
ela faz...

O CORTE DE CABELO ...... !!!


De vez em quando, temos conversas , é temático quando se juntam "rapazes " da mesma geração virem baila recordações ... dos Pais e a forma como nos ensinavam , recordou-me esta :

“Dou graças a Deus que o meu Pai não tenha vivido o tempo suficiente para me ver a ir cortar o cabelo num Cabeleireiro.”

Imediatamente pensei na vida que levava...e no meu Pai. Ele corta o pouco cabelo que tem, em casa e o estilo é daqueles assim clássicos, vulgo rapado. Simples e à homem! Já eu. decidi pois usar cabelo e num estilo a que o meu Pai chamava de “à maricas”.

Mas nem sempre foi assim. Houve alturas em que chegava a casa vindo do Barbearia do Senhor Tiago, cabisbaixo, com frio nas minhas orelhas pequenas e recebia uma daquelas festas na cabeça e um comentário do género “Assim sim, já pareces um homenzinho!” Ficava todo orgulhoso.
Sim, eu dantes frequentava o Barbeiro!Já não existe, O Senhor Tiago. Nada como aqueles “artistas” que vão de sandálias e não sabem sequer quem vai à frente no campeonato. O método de corte é o mesmo, desenvolvido ao longo de anos. Umas borrifadelas com água, que lavar é coisa de maricas e lá começa o corte. Para um Barbeiro a arte do corte é algo complicadamente simples. Três perguntas básicas: “Como vai ser, curto? E o risco é para que lado? Quer deixar as suíças? No final, os golpes de navalha do costume e aquele ardor no pescoço que até levanta da cadeira um morto. Eles sabem usar a navalha como ninguém mas é o modo dos Barbeiros dizerem “próximo...”. Disse que ser barbeiro é quase como um doutor e é verdade! Afinal de contas o que arde cura!

Mas isto era outros tempos... há muito que não corto o cabelo. Ainda frequentei um Atelier de Cabelos e lá, eles estilizam cabelos. E ainda quando o fazia estilizava o meu. Acho que posso intitular-me de um Homem Moderno. O meu cabelo passava por diferentes etapas. Primeiro passa por conseguir uma marcação (os estilistas têm uma secretária à porta, agenda, filo fax e cortar o cabelo é como uma reunião). Dizia eu, o cabelo hoje em dia é lavado por uma senhora com champô duas vezes, uma vez com amaciador e é massajado o couro cabeludo ao som de Pan Pipes. Deve acalmar os remoinhos do cabelo. A seguir mudamos de sala e de artista e vem o mais difícil – explicar que se quer o cabelo cortado. Não é simples e fica-se sempre com a sensação de que, por não saber os termos correctos usados nos salões pelos profissionais, somos olhados de cima para baixo. Ou talvez seja só por estarmos sentados, não sei. É complicado e o resto do tempo passamos a suar sem saber se perceberam que o que nós queremos é o cabelo cortado e não outra coisa com um nome estrangeiro. Por falar nisso confunde-me quando ouço perguntarem às senhoras se querem um brushing. Será que também fazem brushings a homens? E como eu adoraria ouvir alguém pedir por isso no Sr Tiago....

Se leres isto......., Pai, desculpa-me por ter frequentado Cabeleireiros mas ao menos que te conforte isto. Tal como tu, continuo a não usar gel.

domingo, 13 de março de 2011

UM AMOR MUITO DESEJADO !!!



..te vejo ali, parada, me olhando só... não há palavras, nem medos, nem lágrimas... há apenas um olhar profundo e um toque suave como se fosse o toque mais importante deste mundo... te olho e te fixo a alma... te possuo mesmo antes de te tocar, de te amar, até mesmo antes de te olhar... é tudo muito mais forte do que o meu querer... olhar-te bem dentro mesmo sem te ver... sentir-te só de te desejar, ali, parada numa pose linda, somente a me olhar... fixo tua boca e te sorvo completa... te abraço sem te abraçar... te afago sem afagar... te penetro sem te penetrar... está tudo ali, em ti, a meu lado... basta te desejar... e teus olhos já me possuiram... e teus olhos já me abraçaram... e teus olhos já me sentiram... ali, sem questionar, te estendo a mão... vejo teu corpo a arfar.... e sentes minhas mãos te tocar... e teu corpo em minha alma se entregar... tudo tão simples: apenas o desejo de te desejar..."
Também eu já padeci,
desse “mágico” cansaço!
O coração, deseja,
o pensamento, sufoca,
a dúvida, atormenta,
a mente, estala,
o corpo, estremece,
e a alma, grita!

Para "ti", que "foste hoje, o amanhecer do meu dia!"
Mereces!!!


AS FLORES DA MINHA PAIXÃO .............!!!




PAPOILA

não
não desdenho a rosa
vermelha paixão acesa
só quero olhar a papoila
beleza vibrante e frágil
espalhando a rubra cor
na linha verde do campo.

não
não desdenho a rosa
mas paixão é a papoila
que arde bela em tempo escasso
dá-se viva à mão que a colhe
partilha o cetim das pétalas
e na mão amada morre
breve.

Agradeço ao meu amigo Denis estes versos seguintes :
PAPOILA DO CAMPO.
Papoila que'te ergues ágil
Entre as searas de verão;
Poucas pétalas; és tão frágil,
Basta um sopro; e és botão. dca
E A ELEGANTE ROSA?..
A rosa é muito linda;
Sobre mesas e quintais;
Seria mais bela ainda,
Se as pétalas durassem mais.. dca

E O CRAVO PRAZENTEIRO
Iremos agora ao cravo,
De aparencia juvenil;
Que marcou o 'desagravo'
Do Vinte Cinco de Abril..dca

sábado, 12 de março de 2011

CONTINUAS .... PERTO AMIGO !!!



Trouxeram a notícia de que não estavas mais entre nós. Mentira, disse eu. Mentira, disseram todos os que te conheciam e sabiam do teu amor à vida e da tua noção do que o privilégio de viver implica de empenho na luta por aquilo que a torna digno para todos.
Passaram uns anos e eu continuo a ter a certeza de que estás por aqui algures. E que aplicas uma daquelas tuas frases bem irónicas aos meus cansaços, aos meus tédios, aos sobressaltos de percurso. Há coisas tão mais importantes na vida! O mundo é um mar de injustiças, de iniquidades e nós olhamos para o nosso umbigo. Aí,onde estiveres continuas a ser o exemplo que nos tira da apatia.
Continua perto, amigo. Porque todos os que te conheceram precisarão de ti, sempre.....!
Estejas onde estiveres recordar-te-ei !AUGUSTO MALUCO

quinta-feira, 10 de março de 2011

SONHOS .... CAOS ... E REALIDADES !!



A luz ergue-se majestosa e leva-me de olhos fechados para um mundo longínquo de palavras e sonhos... Abro as asas e ergo-me do alto daquela montanha, planando num voo desvairado e perdido, em busca do meu eu escondido... Sinto que o Universo se abre em dois... e agora? Para que lado sigo?
Cerro os olhos e, numa busca incessante, olho para dentro de mim... não, este não sou eu... e a dúvida cresce... a paz desaparece... uma batalha se trava dentro do meu peito e faz-me mergulhar na escuridão do inexplicável...
De repente... um som me faz parar neste voo incessante... um som suave... repetitivo... silêncio de novo... será da minha imaginação?... Não... não é imaginação... é uma voz dentro de mim que me grita: «liberta-te»... «solta as amarras do tempo»...
Luto... e nesta luta... não sei se venço... se perco... mas... perder o quê?... vencer o quê?...
Este caos interior que me faz agitar... é a minha luz no fundo do túnel... aquela que me faz vibrar e me faz avançar num tempo perdido... perdido no meio de sonhos e cor... no meio de realidades e de dor...
Ergo-me de novo, do meio desta confusão de pensamentos...
Vejo ao longe a saída desta espiral... e, arrastado pelo vento... saio de encontro à luz que me chama... mas... que é isto que me impede de continuar a deixar vaguear o meu pensamento?...
Acordo! Era um sonho... um sonho estranho... uma divagação... um caos interior...
O medo do caos faz com que me vire para o outro lado... para a sombra...
Tento adormecer de novo... analisar este caos interior que me invade o peito...
Onde me leva este rio de águas turvas e mornas, que me faz mergulhar sem destino na ânsia de encontrar as mais límpidas e cristalinas águas?... Por momentos, quero deixar-me levar sem pensar onde irei parar... Mas, não posso... Se o permitir... este rio levar-me-á a um oceano imenso onde me posso perder... não... isso não pode ser... a imensidão do mar assusta pela sua enormidade... mas atrai... pela sua beleza... pela sua liberdade... pela sua força...
E... de novo... a voz dentro de mim... num sussurro... que me sopra ao ouvido... «é chegada a hora de te libertares»...
Ganho forças... e solto-me da corrente... a corrente que me quer levar em direcção ao desconhecido... sento-me na margem do rio e observo o seu curso... não sem algum arrependimento... o que seria o desconhecido?... hesito... e neste emaranhado de emoções, de hesitações... entre o vai e o fica... está este meu eu contraditório... mas consigo vencê-lo... por agora...
Ao sentir a brisa que me toca o corpo... sorrio... levanto o rosto para o Sol... abro de novo as asas... e lanço-me, mais uma vez, num voo em busca... em busca de quê?... nem eu sei...
Do alto do meu voo... por entre as nuvens que por mim passam, vislumbro um lago calmo, rodeado da mais bela planície que alguma vez me foi permitido ver...
Desço os Céus e pouso à beira daquele lago espelhado...
Em meu redor... as flores crescem a cada segundo... numa velocidade vertiginosa...
E a luz do dia cede o seu lugar à escuridão da noite... a Lua surge no horizonte...
Ao olhar em volta descubro uma árvore pequenina... que estende os seus ainda pequenos braços, com pequenas folhagens a despertar... Encosto-me ao seu tronco... e fechando os olhos, adormeço, embalado pelo som suave das flores a crescer...
«- Acorda! Chegaste ao teu destino!»
Quero abrir os olhos, mas não consigo... faço um esforço... e abro-os...
Para meu espanto, sinto o meu corpo envolvido nos braços da pequenina árvore, num abraço protector, a qual se transformou num enorme salgueiro, durante a noite...
Lentamente... os seus braços se abrem... permitindo que me erga...
Mas... onde está a planície do dia anterior?... Olho em volta... e vejo agora uma floresta cerrada... onde nem a luz do Sol consegue penetrar...
Trim...trim...
Abro os olhos. Não, não pode ser. O mesmo sonho que retorna todas as noites para me atormentar...
Mas, que significará este estranho mundo que me rodeia neste sonho, nesta fantasia?... Já nem sei se é fantasia, se realidade, mas... agora nem é hora de pensar em tal. Mais um dia que amanhece, mais um dia de labuta neste mundo louco, de loucos...
E a noite chega... Pego naquele livro que me tem olhado, da minha mesa de cabeceira: há meses que o tento ler sem grande resultado... desde que os sonhos começaram... ou pesadelos... Sento-me no sofá, começo a folhear o livro... Ah! Cá está! Foi aqui que parei da última vez...
A pouco e pouco esqueço o universo em que me encontro e vou-me embrenhando, mais e mais, na leitura... e as imagens, das palavras que ansiosamente devoro, começam a invadir a minha mente...
... Sou eu quem ali está... junto daquela árvore, mas... ao lado, encontra-se também algo... ou alguém, multicolor... que será?!...
Aproximo-me para ver, não sem algum receio do que não vejo... do que não entendo... receio intercalado com aquela atracção que me faz avançar mais um pouco... só mais um pouco...
...parece... uma criança... não, já não é... é uma flor... e agora... uma pequena árvore em crescimento...
Mas... que será isto?...
...Espalha a sua beleza... a sua luminosidade... rodopia... oferece-me um sorriso... estende-me o seu braço... sim... é um braço... de novo, a criança sorri à minha frente... o seu pequeno punho fechado, abre-se... e, na pequena palma da mão, está algo que brilha... fecho os olhos, fiquei ofuscado subitamente... estendo a mão... e...
...e o sonho termina...
...e surge a dura realidade... vou dormir...

terça-feira, 1 de março de 2011

ENTRE A REALIDADE E O SILÊNCIO !




Nas muitas horas que consigo se encontrava, pensava. E sempre pensando lembrava passagens, presenças, ausências e distâncias na sua vida.
O seu terrível defeito sempre fora o do silêncio. Não de voz. Não. Até que era conversador. Ouvia, muito ouvia. Observava. Sempre observou, ainda que de soslaio sempre captava gestos imperceptíveis e sorria. Mas também muito calava. O seu drama era contornar esse inevitável muro de silêncio que à sua volta construía. E perguntava-se quando ruiria um dia.

Lembrava amigos. Amigos de longa data a quem, de quando em vez, abria a alma. Não temia revelar-se. Temia mais ser um peso para quem a tanto e por tanto tempo estimava. Entre as mais tontas e desconexas conversas, de quando em vez o desabafo surge. Felizes seríamos se não surgisse. Mas surge. No entanto, esses vagos e raros momentos (por vezes longas horas) surtiam o efeito de um bálsamo que alivia a maior dor de alma, seguindo o nosso egoísmo inato. Não nos perguntamos pelo silêncio de quem nos escuta, de quem connosco enceta uma interlocução. Estimava muito as presenças que mantinha na sua vida. Comove-se com os seus sucessos e com a felicidade de quem estima. Preocupa-se com os desaires, por mais insignificantes que sejam, nos seus percursos.

Lembrava também as ausências. Tantas e pelas mais diversas razões. Lamentavelmente.
A estima cultiva-se. Não brota espontaneamente, mas há empatias e simpatias que gostava de explorar. Não está contudo nas suas mãos. Como costuma dizer: "para se dançar um tango é preciso um par." E o tango da amizade não se dança sózinho. É construído de afinidades, de espaços e tempos comuns, partilhados e explorados. Há um segredo imenso que une os amigos: cumplicidades pequenas que os liam para uma vida. Nem é a distância física quem rompe esses laços invisíveis que se criaram.
Curioso pensar nisso: a amizade é cosntruída a par. Um mais um. Cada par é único. Cada amizade tem a sua própria história, como se pessoa fosse. Em cada circunstância o olhar e o sorriso são prontamente dirigidos de acordo com o contexto para quem mais imediatamente o com-preende. Não deixa de ser extraordinário. A história dos momentos que constroem cada relação. Mesmo que em silêncio de palavras, não o será em expressividade.
Olhava para a sua lista telefónica. Olhava para o extracto mensal das chamadas efectuadas. Lancinante: quatro telefonemas de curta duração. Trabalho. Pessoais nenhumas. Do telemóvel que possuia, via-se obrigado a fazer carregamentos obrigatórios porque não necessitava de o usar para questões pessoais. Mas a lista de contactos era enorme.Fazia poucos. Intrigante o facto de manter ainda vivos tantos contactos. Sobretudo os amigos. Mas os amigos lêem nas entrelinhas dos nossos textos onde estamos e como estamos.

Outros perdeu. Ou perderam-se. Não porque o tenha querido, apenas porque circunstâncias várias os fizeram sair do seu caminho. Lamenta bastantes. Qualquer perda é lamentável. Mas há perdas mais significativas que outras. Mas não se deve interferir nas decisões de cada ser. É isso que se chama respeito. E por amor também respeitamos.
Depois pensava: vale mais uma amizade ou vale mais um enamoramento?

Ah....... agora a resposta é difícil. Sorri para consigo: esses pensamentos só te fazem mal !
(texto adaptado por mim)