quarta-feira, 9 de junho de 2010

A PEDRA DA CALÇADA


Arrancada,desprezada
Uma pedra da calçada,
Lembrou o mundo ruim
E pôs-se a contar assim
Os transes da vida sua:

"Eu sou de terras distantes,
Onde as fontes sussurrantes,
Pela noite velha adormecem;
E vim para a cidade enorme,
Onde nem a noite dorme
e os homens não se conhecem1

Sobre mim, passaram nobres;
Sobre mim,dormiram pobres;
Vi risos maus; dores sublimes,
Salpicaram-me,no entanto,
Com tristes gotas de pranto
E negro sangue de crimes

Eu vi riquezas mentidas,
Eu vi misérias escondidas,
Vi honra e devassidão;
Debaixo de pés descalços
Dos pobrezinhos sem pão"

E aquela pedra sombria,
Muito negra,muito fria
Com um desgosto profundo,
Deixou-se ficar ali:
Não por vergonha de si
mas por vergonha do Mundo

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