sábado, 9 de outubro de 2010

O RESTO DA HISTÒRIA TU CONHECES......... !


Para o meu amigo Zé
Lembras-te? Já lá vão três décadas e mais uns pósinhos...

Era uma vez um miúdo de vinte anos ingénuos que acreditava nos “amanhãs que cantam” e na “superioridade moral” dos homens que diziam estar a lutar pela construção, na terra, desses mesmos amanhãs cantantes....
Afinal... o resto da história tu conheces...
Contigo desabafei muitas vezes o meu espanto dorido - e as minhas lágrimas - ao ir descobrindo, da pior maneira, quanto me enganara, na minha ingenuidade tola. Os “amanhãs que cantam” ninguém os chegou a ouvir, não passavam de uma fórmula com data de validade já ultrapassada. E quanto à tal “superioridade moral”, deixem-me rir, dependia das pessoas e das situações. Havia de tudo: umas quantas pessoas que hoje recordo com admiração e gratidão, muita gente amorfa e deixa-andar que estava naquela onda porque, era a onda da moda neste nosso aparvalhado país e... pois, havia também uma boa meia-dúzia de “gente com olhinhos” que sacaneava os outros pelas costas e, cheios de falinhas mansas e/ou empolados discursos pseudo-revolucionários, vendia a sua “superioridade moral” por um prato de lentilhas, quando não por um mísero pires ou colher de lentilhas.

Zé, duvido que, lá no teu isolamento de boa fé, chegues a ler isto. Talvez melhor assim. Recorda antes os momentos alegres de convívio, o tal Natal em que fomos á missa do galo (lembras-te?), as conversas por vezes divertidas que tinhamos até ás tantas .
Gostei muito de te rever hoje.
Para ti, meu amigo, um poema que está de acordo com a tua maneira de ser.


Porque os outros se mascaram mas TU não

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sem comentários:

Enviar um comentário

cometarios