quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O MEU ALENTEJO


O meu Alentejo...


Olho para trás, entre uma lágrima fresca
Que me embacia a visão mas não a memória.
Olho para trás, entre a brisa doce e quente do Verão
Um Sol que me seca o suor e me para no tempo

Olho para trás enquanto vou respirando este odor da Esteva
A visão dos Cardos que desposa os montes e cerros
São o livro que levo comigo e onde desenho a minha existência
A Ermida árida de um coração triste e ressequído.


Olho para trás e alimento já a saudade do futuro
Neste Alentejo da minha alma que vai ficando
Como se fosse uma voz que chora cantando
Um fado arrastado e sentido no peito
De quem espreita a vida empoleirado num muro.


Olho para trás e relembro a ceifeira do Trigo
Que adorna os planícies num manto cor de mel
Que marca a memória de quem vai partindo
E pinta a visão de um céu pejado de estrelas.


Se tu já não consegues ser, meu Alentejo,
Então também eu já não sou.
Se já não te conseguem ver, Terra dos meus sonhos,
Então prefiro cegar no momento em que olho para trás
Para jamais esquecer a Urze e as Oliveiras.


Olho para trás e espreito o teu alpendre
Vejo que te despedes para abalar, uma vez mais.
Levas a foto do Casario alvo e o aroma do Ensopado
No lenço que esvoaça livre por entre um povo honrado.
(Foto jrsimas)

1 comentário:

  1. Já conhecia mas a versão mais extensa que tomo a liberdade de aqui ta deixar beijinho


    O meu Alentejo...


    Olho para trás, entre uma lágrima fresca
    Que me embacia a visão mas não a memória.
    Olho para trás, entre a brisa doce e quente do Verão
    Um Sol que me seca o suor e me para no tempo.


    Olho para trás enquanto vou respirando este odor da Esteva
    A visão dos Cardos que desposa os montes e cerros
    São o livro que levo comigo e onde desenho a minha existência
    A Ermida árida de um coração triste e ressequído.


    Olho para trás e alimento já a saudade do futuro
    Neste Alentejo da minha alma que vai ficando
    Como se fosse uma voz que chora cantando
    Um fado arrastado e sentido no peito
    De quem espreita a vida empoleirado num muro.


    Olho para trás e relembro a ceifeira do Trigo
    Que adorna os planícies num manto cor de mel
    Que marca a memória de quem vai partindo
    E pinta a visão de um céu pejado de estrelas.


    Se tu já não consegues ser, meu Alentejo,
    Então também eu já não sou.
    Se já não te conseguem ver, Terra dos meus sonhos,
    Então prefiro cegar no momento em que olho para trás
    Para jamais esquecer a Urze e as Oliveiras.


    Olho para trás, do alto desta Falésia...
    O mar estende-se e esconde o Sol, dia após dia
    A bruma cobre-nos e destapa o grilar da noite
    Num Sudoeste que perdura numa Natureza intocada.


    Olho para trás e espreito o teu alpendre
    Vejo que te despedes para abalar, uma vez mais.
    Levas a foto do Casario alvo e o aroma do Ensopado
    No lenço que esvoaça livre por entre um povo honrado.


    Eu não sei se morrerei um dia neste leito Vicentino
    Mas sei que o levarei para sempre como uma marca
    Um mundo selvagem que me corre nas veias e me apraz
    Deste Alentejo que me segura a emoção sofrida.
    E enquanto pairo esquecido desta vida,
    Pela ultima vez, dou-te a mão e olho para trás.

    ResponderEliminar

cometarios