terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PALAVRAS AO " VENTO "


Começou a escrever sem vontade , com dois dedos, lentamente, olhando em volta escreve no papel o que lhe vem a cabeça, vai de certeza emendar rasurar e talvez nem sequer passar ao blog, e de novo de um momento para outro, repetidamente, enquanto a frase crescia, acrescentando sentido ao acto, à vida. Parou por uns instantes, procurando um caminho, uma vereda, por onde seguir, prosseguir. Registou a indecisão e continuou, afinal o caminho faz-se caminhando, pensou, depois se verá, todos os caminhos vão dar a Roma, ou a outro lugar, ou a lugar nenhum, o que interessa mesmo é percorrer o caminho, único, à nossa medida. Recomeçou, persistente, alheio aos becos sem saída, aos sentidos únicos, numa via lenta mas segura, até chegar ao fim. Quando deu por ele, a a surpresas espreitava-lhe sobre o ombro, lendo com interesse as últimas palavras. Esgueirou-se, sorrateiro, mas de nada lhe valeu, tinha chegado ao fim......



.....Foi, como tantos outros antes dele, à procura de melhores condições de vida; do lado de lá parecia mais fácil viver, tinha a certeza. Não levou bagagem, não fez quaisquer planos, passou apenas de um para outro lado; a mesma vida, outra cidade, nada mais. De ninguém se despediu, à sua espera ninguém estava. A língua não foi impedimento, a miséria não conhece fronteiras; do lado de cá como do lado de lá, continuava a ser o que era, orgulhoso , é certo, mas não parvo, um pouco esperto , mais do que o suficiente para saber o que era melhor para si : a vida do outro lado da "fronteira " era mais fácil.

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