quinta-feira, 10 de março de 2011

SONHOS .... CAOS ... E REALIDADES !!



A luz ergue-se majestosa e leva-me de olhos fechados para um mundo longínquo de palavras e sonhos... Abro as asas e ergo-me do alto daquela montanha, planando num voo desvairado e perdido, em busca do meu eu escondido... Sinto que o Universo se abre em dois... e agora? Para que lado sigo?
Cerro os olhos e, numa busca incessante, olho para dentro de mim... não, este não sou eu... e a dúvida cresce... a paz desaparece... uma batalha se trava dentro do meu peito e faz-me mergulhar na escuridão do inexplicável...
De repente... um som me faz parar neste voo incessante... um som suave... repetitivo... silêncio de novo... será da minha imaginação?... Não... não é imaginação... é uma voz dentro de mim que me grita: «liberta-te»... «solta as amarras do tempo»...
Luto... e nesta luta... não sei se venço... se perco... mas... perder o quê?... vencer o quê?...
Este caos interior que me faz agitar... é a minha luz no fundo do túnel... aquela que me faz vibrar e me faz avançar num tempo perdido... perdido no meio de sonhos e cor... no meio de realidades e de dor...
Ergo-me de novo, do meio desta confusão de pensamentos...
Vejo ao longe a saída desta espiral... e, arrastado pelo vento... saio de encontro à luz que me chama... mas... que é isto que me impede de continuar a deixar vaguear o meu pensamento?...
Acordo! Era um sonho... um sonho estranho... uma divagação... um caos interior...
O medo do caos faz com que me vire para o outro lado... para a sombra...
Tento adormecer de novo... analisar este caos interior que me invade o peito...
Onde me leva este rio de águas turvas e mornas, que me faz mergulhar sem destino na ânsia de encontrar as mais límpidas e cristalinas águas?... Por momentos, quero deixar-me levar sem pensar onde irei parar... Mas, não posso... Se o permitir... este rio levar-me-á a um oceano imenso onde me posso perder... não... isso não pode ser... a imensidão do mar assusta pela sua enormidade... mas atrai... pela sua beleza... pela sua liberdade... pela sua força...
E... de novo... a voz dentro de mim... num sussurro... que me sopra ao ouvido... «é chegada a hora de te libertares»...
Ganho forças... e solto-me da corrente... a corrente que me quer levar em direcção ao desconhecido... sento-me na margem do rio e observo o seu curso... não sem algum arrependimento... o que seria o desconhecido?... hesito... e neste emaranhado de emoções, de hesitações... entre o vai e o fica... está este meu eu contraditório... mas consigo vencê-lo... por agora...
Ao sentir a brisa que me toca o corpo... sorrio... levanto o rosto para o Sol... abro de novo as asas... e lanço-me, mais uma vez, num voo em busca... em busca de quê?... nem eu sei...
Do alto do meu voo... por entre as nuvens que por mim passam, vislumbro um lago calmo, rodeado da mais bela planície que alguma vez me foi permitido ver...
Desço os Céus e pouso à beira daquele lago espelhado...
Em meu redor... as flores crescem a cada segundo... numa velocidade vertiginosa...
E a luz do dia cede o seu lugar à escuridão da noite... a Lua surge no horizonte...
Ao olhar em volta descubro uma árvore pequenina... que estende os seus ainda pequenos braços, com pequenas folhagens a despertar... Encosto-me ao seu tronco... e fechando os olhos, adormeço, embalado pelo som suave das flores a crescer...
«- Acorda! Chegaste ao teu destino!»
Quero abrir os olhos, mas não consigo... faço um esforço... e abro-os...
Para meu espanto, sinto o meu corpo envolvido nos braços da pequenina árvore, num abraço protector, a qual se transformou num enorme salgueiro, durante a noite...
Lentamente... os seus braços se abrem... permitindo que me erga...
Mas... onde está a planície do dia anterior?... Olho em volta... e vejo agora uma floresta cerrada... onde nem a luz do Sol consegue penetrar...
Trim...trim...
Abro os olhos. Não, não pode ser. O mesmo sonho que retorna todas as noites para me atormentar...
Mas, que significará este estranho mundo que me rodeia neste sonho, nesta fantasia?... Já nem sei se é fantasia, se realidade, mas... agora nem é hora de pensar em tal. Mais um dia que amanhece, mais um dia de labuta neste mundo louco, de loucos...
E a noite chega... Pego naquele livro que me tem olhado, da minha mesa de cabeceira: há meses que o tento ler sem grande resultado... desde que os sonhos começaram... ou pesadelos... Sento-me no sofá, começo a folhear o livro... Ah! Cá está! Foi aqui que parei da última vez...
A pouco e pouco esqueço o universo em que me encontro e vou-me embrenhando, mais e mais, na leitura... e as imagens, das palavras que ansiosamente devoro, começam a invadir a minha mente...
... Sou eu quem ali está... junto daquela árvore, mas... ao lado, encontra-se também algo... ou alguém, multicolor... que será?!...
Aproximo-me para ver, não sem algum receio do que não vejo... do que não entendo... receio intercalado com aquela atracção que me faz avançar mais um pouco... só mais um pouco...
...parece... uma criança... não, já não é... é uma flor... e agora... uma pequena árvore em crescimento...
Mas... que será isto?...
...Espalha a sua beleza... a sua luminosidade... rodopia... oferece-me um sorriso... estende-me o seu braço... sim... é um braço... de novo, a criança sorri à minha frente... o seu pequeno punho fechado, abre-se... e, na pequena palma da mão, está algo que brilha... fecho os olhos, fiquei ofuscado subitamente... estendo a mão... e...
...e o sonho termina...
...e surge a dura realidade... vou dormir...

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