quarta-feira, 17 de junho de 2009

ALENTEJO É JÁ ALI.......CAMINHANDO


Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo,o rio da portucalidade,o rio que divide e une Portugal.
O Alentejo molda o carácter de um homem .
A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade ,a tranquilidade e a paciência do monge.
As amplitudes térmicas e a agressividade da charneca ,dão-lhe resistência fisíca e rusticidade,a coragem e temperamento de guerreiro.
Não é Alentejano quem quer,ser alentejano não é um dote é um dom.
Não se nasce alentejano,é-se alentejano.
Portugal nasceu no Norte , mas foi no Alentejo que se fez homem.
Guimarães é o berço da nacionalidade ,Évora é o berço do Império Português.
Não foi por acaso que D.João II se teve de refugiar em Évora, par descobrir a Índia .
No meio das montanhas e serras um homem tem as vistas curtas ;só no coração do Alentejo um homem consegue ver ao longe.
Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao Reino,depois de dobrar o cabo das Tormentas ,sem conseguir chegar á Índia,para D.João II perceber que só o costado de um alentejano conseguia suportar com o peso de um empreendimento de tal vulto.
Aquilo que para o homem comum fica longe ,para um alentejano é já ali, par um alentejano não há longe ,nem distância.
Porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade,mas uma corrida de resistência.
Foi, por esta razão,que D.Manuel decidiu entregar a chefia da armada a Vasco da Gama.Mais de dois anos no mar ....E quando regressou ,ao perguntar- lhe se a Índia era longe ,Vasco da Gama respondeu: "Não é já ali".
O fim do mundo afinal ,ficava ao virar da esquina.
Para um alentejano ,o caminho faz-se caminhando,só é longe o sitio onde não se chega ,sem parar de andar.onde Bartolomeu Dias tinha parado.
O problema de Portugal ,é precisamente este muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama, que desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito ou seja muitos portugueses e poucos alentejanos.
D.Nuno Álvares Pereira ,aliás já tinha percebido isso.Caso contrário não teria partido tão confiante para Aljubarrota.D.Nuno sabia bem que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes.
É certo que o Rei de Castela contava com um poderoso exercito composto de portugueses e espanhóis ,mas o Mestre da Avis tinha a vantagem de contar com meia dúzia de alentejanos.Não se estranhe a resposta de D.Nuno aos seus irmãos,quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção numérica
"vocês são muitos !o que é que isso interessa os alentejanos estão do nosso lado ?"
Soube hoje que há provas que também o Cristovão Colombo é Alentejano ..... isto é que uma rapaziada!

(Extractos do texto de Carlos Barreto)

2 comentários:

  1. Alentejanos, alentejanos....só mesmo os alentejanos.
    Não há gente igual nem parecida.
    Ser alentejano...é uma coisa estranha...é forte é diferente e é para toda a vida...mesmo quando se emigra.
    Temos sempre saudades de açorda,migas, carne de alguidar, cachola e outras coisas de que ninguém mais gosta.Também temos saudades de ver o calor passar à nossa frente nas tardes de verão, do cheiro a terra e palha molhada , em Setembro e de ver fortes trovoadas secas (sem cair uma pinga de água)daquelas em que os relampagos rasgam o céu em várias direcções....Tenho saudades da solidão, aquele sossego é maravilhoso,das grandes lanicies, das papoilas,e malmequeres que pintam aquelas planicies, outrora cheias de trigo doiradinho e cheiroso...

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    1. Eu também tenho saudades e para que deixou o Alentejo já tarde fico com a amargura de não voltar a morara , se bem que que já seria diferente ....
      Sufoca-me viver rodeado de cimento de não olhar o céu de não ouvir o silêncio , lá é que estava o meu mundo ...... caí aqui de "para-quedas" !
      Serei sempre um provinciano por muito anos que viva na grande cidade !

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