segunda-feira, 4 de julho de 2011

VILA DE CANO (SOUSEL)



Vila de CANO
A História da nossa Terra


Situada numa aprazível alameda na margem esquerda da ribeira do Alcorrego, Cano é povoação antiquíssima, velha, de fundação a perder-se nas incertezas do tempo. A sua existência é certa em eras para nós remotíssimas , muito antes de os Romanos, senhores de grande poder e sedentos de o aumentar, se espalharem pelo mundo. Se um breve trabalho de raciocínio chegaria para a evidência da antiguidade romana de Cano as construções romanas adentro do seu termo, outros achados corroboram os resultados deste raciocínio; por exemplo a pouca distância do actual aglomerado urbano, no local da Ferroa, foram encontradas moedas, objectos de cerâmica, objectos ornamentais de cobre e descoberto um cemitério romano. (Os cemitérios, que só falam da morte são afinal prova irrefutável de vida).

A chegada dos Romanos à Península Ibérica dá-se no ano 218 a.C. e a sua expulsão no ano 409 d.C.. Cano já existia pelo menos no séc. V. Foi dos dominadores romanos que Cano herdou o seu nome: Cannum, local de passagem de águas abundantes, foi a imagem natural e espontânea que borbulhou no espírito de quem queria baptizar a terra onde se fixava e que lhe oferecia essas características.

No lugar da Represa encontram-se vestígios de remotíssimo povoamento (alicerces, blocos de granito lavrados, restos de uma vetusta barragem vulgarmente denominada Ponte dos Mouros, assim como restos de uma ermida); a invocação desta era a de S. Guilherme, dum tosco S. Guilherme de madeira, incrivelmente medieval. Cano seria das povoações mais ou menos fortificadas que, no séc. XIII, por doações quer da coroa quer dos municípios surgiram na metade Sul do País.

Dentre os velhos povoados deste pequeno recanto da nossa terra era local obrigatório de passagem para todos os povos em migração. Os habitantes de Cano aparecem com pergaminhos de lealdade e valentia, pois é aqui que O. Nuno Álvares Pereira, no ano de 1384, vem buscar o cerne do seu exército para a batalha dos Atoleiros, onde derrotou os Castelhanos.

Na toponímia tudo é português arcaico: basteiros (o mesmo, por certo, que Besteiros) de besteiras ao foro de Calatrava; Pião (ou Peão) de alguma família de "peões"; Mouro, alcunha de povoador medieval; Mingacho (do nome Mem Gacho, Mem Gato) alusão igualmente a repovoa dor. E ainda posteriormente, os topónimos "O. Pedro" e "O. Isabel" que indicam possessões de gente da alta, talvez ligados à Casa Real.

D. Manuel deu-lhe foral em Santarém, a 1 de Novembro de 1512. Todos os forais recebiam uma representação tangível, Foral e Pelourinho são um todo. A Vila de Cano aparece-nos com a dignidade de Vila Cristã já pela nossa história adiante. Ignoramos como teria sido a vida local nos primeiros tempos da nossa nacionalidade.

A Misericórdia foi fundada pelo povo no séc. XVI. Orago: Nossa Senhora da Graça.

Em matéria de monumentos podemos citar a Igreja Matriz, monumento simples mas onde avulta um magnífico altar-mor de mármore, a cores, testemunho da ânsia Renascentista; a Capela de Santo António, com o altar em talha dourada, onde mãos de artista deixaram a marca do séc. XVII, assim como as capelas de S. Sebastião, Santa Catarina, a Igreja da Misericórdia e a Torre do Álamo.

A Vila de Cano era antigamente da comarca e Mestrado de Avis. O concelho de Cano, à data da sua extinção em 23 de Dezembro de 1826, era composto pelas Freguesias de Cano e Casa Branca. Passou a pertencer ao concelho de Sousel até 1855. Extinto este, passou para o concelho de Fronteira e depois novamente para Sousel, que foi novamente extinto em 26 de Setembro de 1895; Cano feito peregrino, passou para o concelho de Estremoz. Restaurado mais uma vez o concelho de Sousel em 13 de Janeiro de 1898, Cano passou a pertencer-lhe definitivamente.

Desde 1 de Novembro de 1512, dia da entrega do seu foral pelas régias mãos do Venturoso, até ao dia triste de 23 de Dezembro de 1826, decorreram 314 anos de vida progressiva, próspera e independente para o concelho de Cano. Na mesma data e pela mesma lei, muitos outros concelhos foram extintos. É esta a única atenuante da injusta e prejudicial situação que, desde então, foi imposta à nobre vetusta e histórica Vila de Cano.

Presentemente, pertence à comarca de Estremoz e Diocese de Évora.

A população canense em 1950 era de 3089 habitantes e segundo os censos de 1991 era de 2012 habitantes.

A Vila de Cano desfruta actualmente duma vida agrícola e comercial de bom nível.

Aqui se lega, resumidamente, parte da nossa História.

(Do Livro "Histórica Vila de Cano" de João Falcato)

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